domingo, 5 de junho de 2011

DEDICO ESTA PÁGINA DE BLOG AOS POETAS CHILENOS: ALFRED ASIS E PABLO NERUDA. DOMINGO, 05 DE JUNHO, NATAL-RN - BRASIL.

POETA CHILENO - ALFRED ASIS - UM DOS MAIORES DIFUSORES DA OBRA E VIDA DE PABLO NERUDA. ALFRED ASIS É O ORGANIZADOR DA ANTOLOGIA "MIL POEMAS PARA NERUDA" (UM CANTO DE AMOR), JÁ EM SUA SEGUNDA EDIÇÃO, QUE TAMBÉM INTEGRO COM TRÊS POEMAS SOLICITADOS PELO CHILENO.
POETA PABLO NERUDA, EM ISLA NEGRA (VALPARAÍSO-CHILE), EM SUA CADEIRA FEITA DE PEDRA E ADORNADA COM AS COISAS DO MAR: CONCHINHAS, ALGAS DESIDRATADAS E INDUSTRIALIZADAS PARA DECORAÇÃO.
NERUDA DEVIA ESTAR NUM DOS SEUS MOMENTOS DE CONTEMPLAÇÃO E POESIA!
ISLA NEGRA - CIDADE LITORÂNEA AO SUL DE VALPARAÍSO, EM SANTIAGO DO CHILE. A FOTO ABAIXO MOSTRA AS CASAS DOS POETAS CHILENOS: ALFRED ASIS E PABLO NERUDA.
A LINDA CASA DE NERUDA NA CIDADEZINHA LITORÂNEA DE ISLA NEGRA, AO SUL DE VALPARAÍSO, EM SANTIAGO DO CHILE. ESSA LINDA CASA TORNOU-SE, APÓS A MORTE DO POETA, PATRIMÔNIO HISTÓRICO DO CHILE, MUSEU DAS OBRAS E FETICHES DO POETA QUE AMAVA OS ANIMAIS, O MAR E SUAS BELEZAS PROVINDAS DE SUA PROFUNDIDADE: CONCHINHAS, ALGAS, PEDRINHAS...
NA CASA DO POETA A BELA LANCHA ONDE ELE SE SENTAVA COM OS AMIGOS PARA BONS GOLES DE WISKY E ONDE PROFETIZAVA UM POEMA, UMA ELEGIA, MOMENTOS DE AMOR, UM "RESCUERDO"!

A Noite na Ilha
Pablo Neruda

Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora - pão,
vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.

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Antes de amar-te

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

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Aqui eu te amo

Nos escuros pinheiros se desenlaça o vento.
Fosforece a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a perseguir-se.

Descinge-se a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata se desprende do ocaso.
As vezes uma vela. Altas, altas, estrelas.

Ou a cruz negra de um barco.
Só.
As vezes amanheço, e minha alma está úmida.
Soa, ressoa o mar distante.
Isto é um porto.
Aqui eu te amo.

Aqui eu te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou a amar-te ainda entre estas frias coisas.
As vezes vão meus beijos nesses barcos solenes,
que correm pelo mar rumo a onde não chegam.

Já me creio esquecido como estas velha âncoras.
São mais tristes os portos ao atracar da tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta..
Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.

Meu tédio mede forças com os lentos crepúsculos.
Mas a noite enche e começa a cantar-me.
A lua faz girar sua arruela de sonho.

Olham-me com teus olhos as estrelas maiores.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
querem cantar o teu nome, com suas folhas de cobre.

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O Vento na Ilha

O vento é um cavalo
Ouça como ele corre
Pelo mar, pelo céu.
Quer me levar: escuta
como recorre ao mundo
para me levar para longe.

Me esconde em teus braços
por somente esta noite,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.

Escuta como o vento
me chama calopando
para me levar para longe.

Com tua frente a minha frente,
com tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa me levar.

Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopandanto eu, emergido
debaixo teus grandes olhos,
por somente esta noite

descansarei, amor meu.

Um comentário:

  1. Querida poeta Lúcia Helena, linda matéria com sensibilidade poética. Cores e palavras, palavras, cores e história. Amei versos de Neruda, resenha de Lúcia e amor de Asis. Beijos de Jania

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